Segundo pesquisa, Brasil só recicla 5% de seu entulho
Se algum dia você já “encheu uma laje”, possui então alguma noção de como é feita uma estrutura de concreto (isso será necessário para entender melhor como reciclar o concreto). Mas, se você nunca realizou essa proeza e sobreviveu para ver o churrasco, vamos detalhar um pouco como surgem às maravilhas do concreto.
O concreto é composto por cimento; água, acrescida de areia (classificada no mundo dos capacetes de obra como agregado miúdo); e pedras (agregado graúdo ou brita para os íntimos), assim eles são misturados e lançados na forma para dar formato e depois vão ganhando resistência com o passar do tempo em um processo em que o cimento libera calor (chamado de exotérmico) e solidarizam (processo chamado carinhosamente de pega).
Composição do concreto
Além desses materiais podem ser adicionados produtos aditivos que auxiliam a execução, como os retardadores de pega. Estes, aumentam o tempo até o concreto endurecer, usados para obras em que o concreto é misturado longe do local final de execução (muito provável que estejam presentes nos caminhões betoneira que causam transito ai nas ruas da sua cidade).
O problema enfrentado atualmente pelo uso de concreto é a extração de grande quantidade de matéria-prima do ambiente e ainda causar impactos ambientais com sobras e materiais descartados. O descarte vindo da construção é chamado de resíduos de construção e demolição (RCD para facilitar). Estima-se que no Brasil, a origem do RCD, seja metade de construções novas e metade de demolições, isso mostra que temos muito material sendo desperdiçado e que pode e deve reciclado.
A tecnologia do concreto reciclado consiste em usar o RCD como agregado, podendo substituir uma parte ou totalmente o material de fontes naturais. O RCD usado depende da aplicação final: podemos usar tijolos cerâmicos e argamassa (cimento, areia e água) para concreto de pavimentação, enquanto os agregados podem virar argamassas novas ou até concreto que irá sustentar edifícios, galpões etc. No caso do uso para concreto, é preciso estudar, separar e avaliar as condições do RCD a ser reciclado, se já tivermos um histórico de como esse material se comporta aí podemos usá-lo ou não com maior certeza.
Agregados miúdos naturais e reciclados (Figura superior esquerda e direita respectivamente) Agregados graúdos naturais e reciclados (Figura inferior esquerda e direita respectivamente)
O concreto pode ser reciclado fresco com um equipamento que lava e separa a brita dos demais materiais, e assim já é encaminhada para reuso. O grande problema é com o concreto endurecido, esse é fragmentado em pedaços menores com britadores (existem vários tipos, depende do tamanho final desejado) e também podem ser moídos para gerar agregados miúdos, depois separados por tamanho e enviados para serem incorporados no concreto novo.
Essa tecnologia ainda pode evoluir muito, atingindo mais e mais usuários. Para isso devemos nos conscientizar do impacto do RCD, que remove material das nossas fontes naturais, cada vez mais escassas, assim como esgotam também os locais apropriado para o descarte; fazer investimentos financeiros em equipamentos (claro que tudo tem um custo, mas é pequeno) para reduzir o custo do material que atualmente é desperdiçado; e investir em pesquisas para tornar cada vez mais viável todo o processo. Os estudos precisam focar também em resolver o fato de o concreto reciclado ser muito variável, e assim entender esse material que possui diferentes resistências, durabilidade, capacidade de deformação sem fissuras.
Para se adaptar a atual falta de agregados graúdos usados no concreto (brita), em locais que não tem fontes para extração, o professor Paulino E. Coleho destaca que em países como a Holanda, Bélgica e Dinamarca foi preciso importar areia da Sibéria e entulho da Inglaterra (isso mesmo, importar areia e entulho!). Esse entulho é reciclado e utilizado no concreto, nesses países estima-se que haja a reciclagem de 90% dos resíduos. Além disso, nossos amigos japoneses já usam dois terços do concreto de demolições em pavimentação de estradas.
E você deve estar se perguntando, como está o Brasil? Aqui, onde as técnicas de reciclagem já estão a 20 anos em desenvolvimento, só reciclamos em torno de 5% do entulho, mas já temos registros de edifícios que utilizaram concreto reciclado em Belo Horizonte, São Paulo, Osasco, Rio de Janeiro e Curitiba. Do ponto de vista acadêmico temos muitos pesquisadores e empresas buscando cada vez mais informações para disseminarmos o uso de concreto reciclado estrutural (que resiste a esforços significativos).
Mas, segundo Yahya Kurama, os Estados Unidos vêm ignorando as pesquisas na área do uso de agregados graúdos reciclados para estruturas com capacidade de resistência a esforços, o que tem gerado uma grande lacuna de conhecimento dessa área por lá, se limitando em aplicações somente com estradas e calçadas. Entretanto, Kurama pretende preencher essa lacuna com seu estudo em 16 fontes de agregados reciclados no Centro dos EUA, e assim checar a durabilidade e o custo no ciclo completo da construção em comparação com o agregado natural. Por fim, responder a pergunta se o concreto reciclado pode ser usado para outras obras lá, além de estradas, como nos edifícios.
Se você gostou do tema e quer saber mais informações sobre as aplicações e vantagens do concreto reciclado, acesse o site da ABRECON(Associação Brasileira para Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição) que, no Brasil, busca ampliar a reciclagem na área da construção.
fonte: www.deviante.com.br
Garantia de descarte correto
A Diskentulho Jundiaí garante que os resíduos sólidos tenham o destino correto e que possam ser transformados e reutilizados em obras na cidade de Jundiaí, como: calçamentos, pavimentação de ruas e estradas vicinais, confecção de blocos para construção de moradias populares, entre outros.
Geresol de Jundiaí recebe por mês 15 mil toneladas de resíduos da construção civil
Jundiaí se consolida em um pólo de referência quando o assunto é gestão de resíduos sólidos. O trabalho feito de forma inteligente traz reflexos satisfatórios para o meio ambiente e para a cidade. Como resultado da gestão de resíduos, a cidade economiza recursos públicos, que são utilizados em outras áreas da administração.”
ólo de referência quando o assunto é gestão de resíduos sólidos. O trabalho feito de forma inteligente traz reflexos satisfatórios para o meio ambiente e para a cidade. Como resultado da gestão de resíduos, a cidade economiza recursos públicos, que são utilizados em outras áreas da administração.”
Por mês chegam ao Gerenciamento de Resíduos Sólidos (Geresol) da Prefeitura de Jundiaí 15 mil toneladas de restos da construção civil. Esse material passa por tratamento e se transforma em matéria-prima para obras de pavimentação e de drenagem na cidade.
De acordo com especialistas, Jundiaí faz parte do seleto grupo de municípios do país que tratam de forma correta o que sobra de demolições e da construção civil. Para se ter uma ideia, apenas 20% das cidades brasileiras fazem a gestão de forma adequada.