Aparelhos móveis são considerados possivelmente cancerígenos para humanos e Califórnia recomenda minimizar uso
Os reais efeitos da radiação do celular sobre o corpo humano ainda não são totalmente conhecidos – e parecem ser cada vez menos estudados à medida que os aparelhos se popularizam. O celular emite uma radiação eletromagnética a partir da antena acoplada ao aparelho (que atualmente não é visível, mas faz parte de seu mecanismo interno). Essa radiação tem uma frequência alta e, como o celular é um aparelho usado muito próximo ao corpo, em especial à cabeça, a maior parte dessas ondas são totalmente absorvidas pelo corpo humano.
Há estudos que relacionam o uso dos dispositivos móveis com o aumento do metabolismo da glicose cerebral e também com a incidência de tumores malignos no sistema nervoso central. O risco é ainda maior para crianças, que utilizam os aparelhos cada vez mais cedo, ficando exposta à radiação em uma fase de formação do cérebro. Leia mais sobre as pesquisas realizadas na área na matéria: “Ondas eletromagnéticas de celulares e antenas podem prejudicar a sua saúde. Veja dicas para se prevenir”.
Com base nas pesquisas já existentes, a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC, na sigla em inglês) classificou o campo magnético emitido pelos celulares como possivelmente carcinogênico para humanos. Ou seja: a radiação interfere na saúde do ser humano, mas ainda não há evidências suficientes para classificá-la como carcinogênica para humanos.
Embora os governos e empresas de telefonia demonstrem pouquíssimo interesse em realizar e divulgar novas pesquisas na área, o Departamento de Saúde da Califórnia lançou agora em dezembro de 2017 um guia para que as pessoas minimizem o uso dos celulares. O documento é resultado das pressões feitas pelo pesquisador de saúde pública Joel Moskowitz, da Universidade de Berkeley, que moveu um processo contra o Departamento de Saúde Pública da Califórnia por negar informações de interesse público. Detalhe: o guia estava em andamento desde 2009, teve várias versões escritas em 2015 e depois ficou estagnado.
Agora que veio a público, as autoridades da Califórnia se mostram preocupadas com a exposição precoce de crianças à radiação, com os riscos de tumores cerebrais e câncer de nervos relacionados à audição, tumores nas glândulas salivares, baixa contagem de esperma ou menor mobilidade, dores de cabeça e efeitos na aprendizagem e memória, além das interferências no sono. Moskowitz já alertava para esses fatores, que são uma possibilidade em pessoas que usam o celular de modo muito intenso, há anos.
Algumas recomendações contidas no guia californiano de como evitar exposição à radiação dos celulares são: deixar o aparelho longe do corpo, de preferência na bolsa ou mochila; usar fones de ouvido e autofalante, para evitar a proximidade do aparelho com o cérebro; preferir o envio de mensagens a ligações; evitar usar o celular quando o sinal está fraco, pois o dispositivo emite mais ondas de radiação nessas circunstâncias; evitar streaming de áudio ou vídeo, preferindo o download dos arquivos; e não dormir com o celular perto da cama, mantendo-o a uma distância mínima de pelo menos um braço – se quiser o aparelho perto, deixe-o desligado ou em modo avião.
Para entender mais sobre o assunto, confira o vídeo de uma palestra do professor Joel Moskowitz sobre os riscos dos celulares e redes wi-fi para a saúde