Usinas de reciclagem de lixo precisam de estratégias diferenciadas com os catadores para evitar que eles se contaminem com máscaras descartadas indevidamente.
As máscaras descartáveis produzidas, principalmente, de tecido sintético conhecido como TNT estão sendo amplamente utilizadas pela população pela praticidade, custo baixo e por não necessitar de ser lavada.
Mas a necessidade do uso, ao mesmo tempo que evita a transmissão e contaminação da Covid-19, trouxe um agravante: o descarte incorreto das máscaras descartáveis.
Não existe um montante aproximado da produção de máscaras descartáveis dos últimos meses, mas é fato que os números são estratosféricos. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil, por exemplo, mobilizou centenas de empresas para produzir e doar 13,5 milhões de máscaras descartáveis e de tecido. Os presidiários do Estado de São Paulo produziram até maio deste ano 1,5 milhão de máscaras de TNT.
Estima-se que o TNT leve de 400 a 450 anos para se decompor na natureza e as autoridades sanitárias do mundo já estão preocupadas com esta nova forma de contaminação ambiental.
Máscaras descartadas indevidamente foram encontradas nas areias e trilhas naturais em Hong Kong, região administrada pela China, onde a maioria dos 7,4 milhões de habitantes faz uso das proteções faciais para o combate a Covid-19. Ambientalistas estão alertando que esses resíduos representam uma grande ameaça à vida humana, marinha e aos habitats dos animais selvagens. Além de agravar a poluição, este lixo é um risco por aumentar uma possível disseminação do novo Coronavírus.
No Brasil, a situação não é diferente. Usinas de reciclagem de lixo estão tendo que ter estrategias diferenciadas com os catadores para evitar que eles se contaminem com máscaras descartadas indevidamente no lixo reciclável. Mesmo com equipamentos de proteção, se os funcionários encostarem numa máscara contaminada e levarem a mão ao rosto, podem ser infectados pela Covid-19. Algumas cooperativas estão deixando os lixos em quarentena antes de serem separados.
COMO FAZER O DESCARTE DAS MÁSCARAS DE FORMA CORRETA
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) alerta que existe uma maneira correta para descartar máscaras e luvas usadas. É preciso colocar os materiais dentro de dois saquinhos plásticos (um dentro do outro), amarrar bem forte e jogar no lixo comum, o que chamamos usualmente de “lixo do banheiro”.
É importante ressaltar que a máscara de proteção ou qualquer material descartável usado para conter a pandemia, como luvas ou aventais, não devem ser jogados em lixo reciclável. Se os materiais tiveram contato com uma pessoa contaminada, o cuidado deve ser redobrado e deve ser sinalizado ao ser colocado no lixo em um saco plástico com os dizeres RISCO DE CONTAMINAÇÃO.
NOVO HÁBITO DO USO DE MÁSCARAS
Desde o inicio da pandemia do novo Coronavírus, em março de 2020, as máscaras de proteção passaram a ser mais utilizadas e, em junho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) atualizou suas recomendações e indicou sua utilização em estabelecimentos públicos. Muitas cidades no Brasil decretaram uso obrigatório e ainda estipularam multas em caso de descumprimento.
No Distrito Federal, por exemplo, desde 11 de maio quem estiver sem máscara nas ruas ou locais públicos poderá ter que pagar multa de R$ 2 mil.
O uso de máscaras já era um hábito comum entre os orientais e passou a fazer parte do dia a día de todos. Muitos acreditam que sua utilização continuará a fazer parte da rotina da sociedade por questões de higiene e saúde, mesmo após o controle da Covid-19.
No Japão, as pessoas usam máscaras quando estão doentes, por respeito, para não infectar os outros. Hoje em dia, ela é sinal de proteção e solidariedade, já que a pessoa doente reduz o contágio e, a saudável, evita de se contaminar. Não se trata apenas de um uso de emergência para proteção individual, mas de uma estratégia de segurança coletiva, que fará com que as pessoas, daqui para frente, se protejam mutuamente.
Especialistas advertem que um boa máscara deve proteger o nariz e a boca e permitir o movimento natural quando a pessoa conversa, porém evitando abertura em suas laterais. O objetivo da máscara é evitar que gotículas de saliva sejam lançadas ao ar e impedir também que gotículas de outras pessoas cheguem ao rosto, lábios, nariz e olhos.