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Abelhas e flores silvestres voltam aos canteiros da Inglaterra

Especialistas acreditam que quarentena terá efeitos positivos a longo-prazo para polinizadores e espécies nativas de plantas

Durante a quarentena, muitas áreas verdes estão se recuperando, com a vegetação nativa crescendo livremente – o que inclui flores silvestres que estavam desaparecendo. Segundo entidades conservacionistas da Europa, este cenário já está sendo observado na Inglaterra o que favorece não apenas as espécies de flores silvestres da região, mas a população de abelhas, que vinha diminuindo gradativamente.

Este momento de recuperação para as áreas verdes pode levar a uma invasão de cores durante a primavera e o verão na Europa, trazendo benefícios não só para as abelhas mas também para outros polinizadores, como borboletas, pássaros e morcegos.

Canteiros em calçadas e na beira de estradas são um ótimo refúgio para espécies de plantas que foram perdendo espaço para a agricultura e espaços residenciais. Estes pequenos espaços podem parecer sem importância, mas abrigam 700 espécies de flores selvagens e cerca de 45% da flora na Inglaterra.

As áreas verdes localizadas na beira de estradas e ruas normalmente são podeados e perdem o enorme potencial que têm para a conservação da fauna e da flora. Esta poda acontece normalmente antes da floração e produção de sementes pelas plantas, o que tem feito com que muitas flores desapareçam da paisagem, entre elas margaridas e betônias.

Oportunidade de ouro

Segundo a Plantlife, instituição sem fins lucrativos que trabalha pela conservação de plantas silvestres com 23 reservas naturais no Reino Unido, este pode ser o melhor para a flora local em muitos anos, graças ao descanso que as áreas verdes estão tendo com a pandemia.

Enquanto muitas cidades estão adiando a poda de canteiros e áreas verdes, outras já estão reavaliando a necessidade de podas tão frequentes. “Esta é uma oportunidade de ouro para que as plantas voltem a florir como devem, pela primeira vez em anos. Com a quarentena terminando no final de maio, muitos motoristas vão encontrar uma paisagem flores e cores ao circular pelas vias” explica Trevor Dines, especialista em botânica que trabalha para a Plantlife.

A vegetação nas áreas de cruzamentos e placas de trânsito precisa ser podada por questões de segurança, mas na maior parte das áreas ao longo das vias públicas, é possível deixar que as plantas cresçam um pouco mais. “Nossa recomendação para as prefeituras que não realizaram a poda até agora é que deixem as plantas crescerem até agosto e vejam como vai ser a reação da flora e das pessoas”, conta Trevor.

Soluções a longo prazo

Kate Petty gerencia uma campanha pelo adiamento das podas em canteiros e áreas verdes e acredita que os efeitos de curto prazo serão capazes de mudar a opinião de administradores públicos e as políticas de poda a longo prazo, beneficiando espécies ameaçadas de plantas.

“A recuperação é extremamente simples. Cortar menos ou adiar a poda vai ajudar as plantas a se recuperarem, vai economizar dinheiro e reduzir emissões de gases do efeito estufa. Precisamos nos reeducar e aceitar a diversidade e um pouco de bagunça da natureza, ela diz.

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Boas notícias para abelhas e outros animais

Trevor Dines também á um defensor das abelhas e acredita que a diminuicão das podas vai ajudar as polinizadoras, que dependem de flores selvagens para sobreviver. “Com certeza este cenário vai favorecer polinizadores. No ano passado já pude notar isso em áreas com menos podas – foi o meu melhor ano na produção de mel”, comemora.

“Tem também um grande benefício para a saúde mental das pessoas. Todos estão precisando de paisagens coloridas, bonitas e de natureza. Vamos ver como a população vai reagir porque para muitas pessoas, para mim inclusive, canteiros e áreas verdes ao longo da estrada são o único contato com a natureza local”, conclui.

A taxa de atropelamentos de animais selvagens na Inglaterra deve diminuir bastante este ano. Em 2019 carros e caminhões mataram 100 mil porcos-espinhos, 100 mil raposas, 50 mil texugos, 30 mil veados e muitos pássaros.

fonte: CicloVivo por Natasha Olsen

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